Luísa tinha acordado naquela manhã com uma dor de cabeça fenomenal, daquelas que espremem o cérebro e a paciência de uma pessoa e que resistem a doses massivas de analgésicos e anti-inflamatórios.
Durante esse dia as horas foram-se arrastando indefinidamente e a dor de cabeça, em vez de abrandar, começou a alastrar-se pela coluna abaixo, espalhando-se pelos braços e causando uma sensação de dormência nas pontas dos dedos. Esta acabou por derivar em picadas persistentes, que pioravam consideravelmente cada vez que Luísa tinha de escrever algo no computador. Ao fim da tarde, estar sentada era uma tortura, pois as dores tinham-se instalado nas pernas, causando cãibras tão fortes que até os seus ossos rangiam.
Foi para casa de táxi. Não conseguia conduzir porque, ao pressionar os pedais com os pés, ondas de dores acutilantes lançavam-se pelas pernas até chegar à medula, onde se convertia em espasmos musculares, que lhe faziam tremer todo o corpo.
Quando chegou a casa, estava coberta em suores frios e todo o seu corpo tremia. O que começara como uma simples dor de cabeça tinha-se transformado num verdadeiro pesadelo. Luísa corre para a casa de banho, mesmo a tempo de vomitar uma pasta negra raiada de sangue coagulado. Deixa-se então cair no chão de azulejo, que apesar de fio, lhe ardia na pele do rosto, a chorar compulsivamente.
*
No anfiteatro reina o silêncio. O professor da cadeira de Diagnóstico Indutivo suspira enquanto pára a projecção e activa as luzes da sala com comandos telepáticos. Os alunos começam a despertar da sonolência induzida pela escuridão e agitam-se nas cadeiras para afastar a dormência causada pela recente inactividade. Ligam os blocos de notas à interface neuronal e preparam-se para registar o que o professor diz.
“Ok classe. Alguém sabe qual é a doença retratada neste filme?”