De Segunda a Sexta, 300 palavras por dia.

24
Out 08

Luísa tinha acordado naquela manhã com uma dor de cabeça fenomenal, daquelas que espremem o cérebro e a paciência de uma pessoa e que resistem a doses massivas de analgésicos e anti-inflamatórios.

Durante esse dia as horas foram-se arrastando indefinidamente e a dor de cabeça, em vez de abrandar, começou a alastrar-se pela coluna abaixo, espalhando-se pelos braços e causando uma sensação de dormência nas pontas dos dedos. Esta acabou por derivar em picadas persistentes, que pioravam consideravelmente cada vez que Luísa tinha de escrever algo no computador. Ao fim da tarde, estar sentada era uma tortura, pois as dores tinham-se instalado nas pernas, causando cãibras tão fortes que até os seus ossos rangiam.

Foi para casa de táxi. Não conseguia conduzir porque, ao pressionar os pedais com os pés, ondas de dores acutilantes lançavam-se pelas pernas até chegar à medula, onde se convertia em espasmos musculares, que lhe faziam tremer todo o corpo.

Quando chegou a casa, estava coberta em suores frios e todo o seu corpo tremia. O que começara como uma simples dor de cabeça tinha-se transformado num verdadeiro pesadelo. Luísa corre para a casa de banho, mesmo a tempo de vomitar uma pasta negra raiada de sangue coagulado. Deixa-se então cair no chão de azulejo, que apesar de fio, lhe ardia na pele do rosto, a chorar compulsivamente.

 

*

 

No anfiteatro reina o silêncio. O professor da cadeira de Diagnóstico Indutivo suspira enquanto pára a projecção e activa as luzes da sala com comandos telepáticos. Os alunos começam a despertar da sonolência induzida pela escuridão e agitam-se nas cadeiras para afastar a dormência causada pela recente inactividade. Ligam os blocos de notas à interface neuronal e preparam-se para registar o que o professor diz.

Ok classe. Alguém sabe qual é a doença retratada neste filme?”

publicado jjnopants às 00:01
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17
Out 08

Começou numa manhã, enquanto se barbeava ao espelho. Reparou que não tinha lábios e que a sua boca era apenas uma fenda imperceptível quando fechada. Ao sair de casa notou que o porteiro também tinha sido afectado, pois não só tinha perdido os lábios como os olhos consistiam em pintas escuras e tristonhas desenhadas de cada lado da cara.

Já na rua, o homem viu, para seu descontentamento, que os narizes tinham desaparecido das caras que transitavam apresadas, deixando no seu lugar duas fendas verticais e paralelas a servir de respiradouro.

E assim foi andando, de cabeça baixa até à paragem de autocarro, para não se deixar levar pelo pânico que começava a borbulhar no estômago.

Quando chegou ao escritório, aquela estranha doença tinha evoluído de tal forma que todas as criaturas por que passava eram como os homens de plasticina das animações infantis que via na TV quando era criança, informes.

Amorfo, descolorado e sem definição, assim foi o homem passando a manhã, enquanto introduzia números nas folhas do Excel.

Lá para as onze horas os seus colegas começaram a ganhar cor. Primeiro, um cinzento-claro que, à medida que a hora avançava, se foi carregando até se transformar em preto, pelo qual esvoaçavam iridiscensias verdes e violetas.

Já se almoçava…” E com esta na ideia, foi caminhando para o refeitório, onde as cores eram diferentes. Amarelos, de várias tonalidades, manchados de vermelho-vivo e verde-tília. Alguns olhares tinham-se convertido em enxames de pirilampos, e outros em camomilas que dançavam ao ritmo do burburinho instalado.

Finalmente, o homem percebeu o que se passava. Não estava doido, nem doente. Já não via caras, agora via a cobra sarapintada que o chefe trazia enrolada ao pescoço, e o botão de rosa na bochecha da secretária, que desabrochava cada vez que via o Luís.

publicado jjnopants às 00:01
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10
Out 08

Voava de sonho em sonho, como que bebericando do seu nectar, vermelho-vivo, como a chama que deu vida ao mundo e alma aos homens. Assim era o Dragão.

  Sentia-se velho e por isso bebia dos sonhos das crianças, roubando-lhes a inocência. Sentia-se feio e roubava a sensualidade dos sonhos dos adolescentes. Sentia-se só e visitava os sonhos de juventude perdida dos homens de meia-idade.

  Estava deprimido!

  Os sintomas eram claros, mas e o tratamento? Como se cura um Dragão, primordial e mitológico, de doenças do forro psicológico? Visitou os sonhos dos psicanalistas que insistiam que a causa das suas aflições era a sua mãe. Visitou psicoterapeutas Gestalt que fixaram-se na importância do Eu num contexto. Visitou metodistas e adventistas do sétimo dia mas… Bem, um Dragão não tem progenitores. Todo ele é Infinito, logo as partes e o todo perdem sentido, e os metodistas e os adventistas eram simplesmente deprimentes. 

  Deu voltas à cabeça até descobrir a solução. “Aha! Já sei. Para desta depressão me curar, uma Alma Humana terei que roubar.” 

  E assim fez. Esvoaçou pelos sonhos das crianças, pensando que estas eram mais fáceis de roubar, mas as suas Almas eram inconstantes e muito difíceis de apanhar. Visitou os sonhos dos homens de meia-idade, mas as suas Almas estavam corrompidas, cheias de chagas por fechar. Tentou roubar a Alma aos adolescentes, mas estes, por serem egoístas, recusavam-se a partilhar. 

  Acabou por desistir e pôs-se a chorar, lágrimas de Dragão que brilham com o luar. “Oh, que triste sou! Como me vou eu curar, sem uma Alma conseguir roubar?” 

  Neste pranto foi encontrado por um qualquer Deus Humano, que lhe falou para o acalmar. Que Alma Humana já ele tinha, só dela se precisava de livrar. Que essa era a consequência de pelos sonhos dos Homens andar a voar. 

publicado jjnopants às 11:25
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03
Out 08

“No início apenas existiam o Vácuo, o Nada e o Vazio, e estes lutavam entre si. O Vácuo tentava conquistar o Nada, o Nada tentava encher o Vazio, e o Vazio tentava ocupar o Vácuo.”
“E assim Era a Luta, esta Existia. E com ela também o Equilíbrio Existia, pois nada pode Ser sem Equilíbrio.”
“Tal Luta Era quando nem o próprio Tempo existia, apenas o Equilíbrio existia.”
“Mas a Luta enfastiou-se do Equilíbrio, e então o Equilíbrio abandonou a Luta.”
“Quando isto aconteceu, o Vácuo conquistou o Nada, o Nada encheu o Vazio, e o Vazio ocupou o Vácuo. E a Luta não Era mais. Dela apenas a Energia e a Essência restavam.”
“Então o Equilíbrio uniu-se à Energia e à Essência, e estes fundiram-se num só e dessa união Nasceu o Universo. O Universo Era e a Energia Era e a Essência Era e, novamente o Equilíbrio Era.”
“Foi então que o Universo se cruzou com a Essência e dela Brotou o Tempo e o Espaço. O Universo Era e a Energia Era e o Tempo Era e o Espaço Era, e então o Equilíbrio preencheu-os a todos e transformou-se na Semente.”
“Da Semente gerou-se a Matéria, e desta criaram-se as Estrelas. As Estrelas Eram e o Tempo Era, e então a Estrelas envelheceram e Morreram, e então a Morte Era.”
“Porque a Morte Era e o Equilíbrio preenchia a Morte, a Vida também Era.”
“Então a Vida e a Matéria Uniram-se e a Vida ganhou Forma. O Equilíbrio preencheu a Forma e Nasceu a Mudança.”
“Porque a Mudança não tinha Rumo, a Forma cansou-se da Mudança. Então a Forma e a Essência Uniram-se e Nasceu a Alma Imutável.”
“Então a Alma Imutável juntou-se à Forma e à Mudança e delas brotou o Triângulo Sagrado.

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26
Set 08

“Percorre as ruas de qualquer cidade e vais sempre encontrar dois tipos de pessoas. Os Lobos e os Cordeiros.”
“As hipóteses de encontrares um Lobo enquanto olhas os transeuntes são escassas. Mas isso não é importante, pois quando tu encontras um, tu sabe-lo imediatamente. Tu ficas com aquela impressão irritante, algures no teu sub-consciênte, que diz que há algo de errado com aquela pessoa, uma espécie de gume escondido. E, tal como um cordeiro a olhar para um lobo, tu és simultaneamente fascinado e aterrorizado por essa pessoa.”
“Em tempos, eu conheci um Lobo. Chamava-se Vitor. Ele não sabia o que era, apenas que não pertencia, que era um animal diferente. Vagueava de noite pelas ruas à procura de uma resposta para uma pergunta que não tinha. Foi então que conheceu outro Lobo, este na pele de uma miúda, a Rita. Ela também não sabia que era um Lobo, apenas que era diferente, mas ao contrário do Victor, ela tinha desistido de procurar. Ela tinha aceitado a diferença.”
“Passado pouco tempo o Vitor e a Rita formaram uma alcateia, macho e fêmea alfa. O inicio da relação foi intenso e apaixonado, como dois lobos solitários que finalmente tinham a companhia da sua própria espécie.”
“Não sei se foi o facto de o Vitor não conseguir viver com a diferença que os unia ou se foi o facto de a Rita se orgulhar dela, mas algo começou a envenenar aquela relação. As discussões eram tão intensas quanto as lutas entre lobos, chegando a envolver agressões físicas. Eles acabaram por se separar e a Rita desapareceu de circulação.”
“O Vitor voltou às deambulações nocturnas, mas de ânimo diferente. Já não procurava uma resposta, procurava uma solução. Encontrou-a na heroína.”

“Nós dividimo-nos em Lobos e Cordeiros. Eu sei o que sou. E tu?”

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19
Set 08

Rapunzel desmancha a trança devagar, os seus dedos movendo-se com a precisão adquirida durante anos de prática. Olha em volta para um quarto luxuosamente mobilado, o único que conhece. Um quarto no topo de uma Torre, a Torre no centro de uma Floresta. Está só.
Durante muitos anos apenas conheceu a velha que cuidava dela. Vinha todas a noites com uma cesta de comida e pedia-lhe para largar a trança pela janela. Enquanto Ranpunzel comia, a velha percorria o quarto com um olhar reprovador. Terminada a ceia, a velha ia-se com a cesta, sem palavra ou carícia.
Os dedos hábeis percorrem as suas longas madeixas, espalhando óleo de amêndoas, num prelúdio para o pente de ouro e marfim.
Quando já era crescida, veio um desconhecido que lhe pediu que largasse a trança. Já no quarto, agarrou-a e deitou-se com ela. Rapunzel não gostava daquele homem, pois ele era rude e magoava-a, mas nunca se atreveu a dizer-lhe que não. Tinha medo que ele partisse, deixando-a sozinha outra vez. Mas o homem cedo se enfastiou dela e foi-se embora, sem sequer dizer adeus.
Rapunzel penteia os cabelos devagar. Depois de o homem a ter abandonado, o ventre começou-lhe a inchar. Rapunzel sentiu-se feliz, pois já não estava só. Mas quando o bebé nasceu, a velha meteu-o na cesta e levou-o, surda a gritos e súplicas.
Rapunzel refaz a trança. Ata a ponta ao poste da cama com um nó cego. Caminha até à janela, senta-se na umbreira e deixa-se cair. A trança seguea-a até que se ouve o som seco do pescoço a estalar. No quarto, o nó desfaz-se sobre o peso e Rapunzel chega finalmente ao chão.

*

A velha chega com a noite e vê Rapunzel caída. Corta-lhe a trança com um punhal, guarda-a na cesta e vai-se embora.

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12
Set 08

Uma vozinha sumida que só eu sou capaz de ouvir diz:
“ É um dragão! E quer-te comer...”. - enxoto este pensamento e concentro-me em problemas mais urgentes, nomeadamente no idoso que acabou de ser alvejado no pé.
Estavamos a visitar o centro histórico de Colónia, quando se ouviram vários estouros e um cheiro forte a enxofre queimado. A metade do grupo de turistas mais versada em violência citadina tinha-se lançado ao chão, cobrindo a cabeça com os braços. A outra metade, na qual me incluo, ficou pasmada a olhar, tentando perceber o que estava a acontecer. Felizmente os únicos feridos foram os americanos, que arranharam os joelhos ao estatelarem-se no passeio e o velhote, atingido no calcanhar com um estilhaço. O homem, inglês, estava de tal forma desnorteado, que se agarrou a mim, implorando por companhia.
“É um dragão! Sai daí...” – a voz começa a ganhar intensidade e urgência. Olho em volta e estou sozinha com o velho. Este agarra-me a mão com tanta força que me começa a magoar. Levanto o pano que lhe cobre a ferida e reparo que o sangue estancou. Quero dizer-lhe isso para que ele fique mais descançado, mas a voz começa a gritar na minha cabeça:
“O VELHO É UM DRAGÃO. SAI DAÍ!!!!”
Nesta altura noto as escamas vermelho-vivo por debaixo da pele. O velho olha para mim com olhos de pupila fendida, côr-de-ambar.
Levanto-me de um salto. Estou dentro de uma gruta. O pânico toma conta das minhas pernas e fá-las correr. Corro dali para fora o mais depressa que consigo. Levanto vôo e fujo, mas continuo a sentir os olhos do dragão em mim. Então torno-me incorporea e refugio-me na Terra.
Olho para trás, o dragão retribui-me o olhar. O meu é de paz, o dele de ódio e… de desilusão.

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05
Set 08

Caminha à minha frente, a Rapariga-das-pernas-perfeitas. Sobe as escadas da estação de metro do Cais do Sodré, acompanhada de uma amiga, a das pernas-não-tão-bonitas. As duas vão para uma qualquer praia da linha de Cascais, ambas vestidas com calções de ganga minúsculos, a mostrar descaradamente as belas pernas que têm. Cabras!
As pernas da Rapariga-das-pernas-perfeitas não só são longas e elegantes, com a proporção perfeita de osso, músculo e tecido adiposo, como estão perfeitamente bronzeadas, com um belo tom de caramelo, que brilha na luz artificial como se coberto por purpurinas.
Dou por mim a não conseguir desviar o olhar daquele par de pernas. A deseja-lo para mim. As minhas pernas são perfeitamente terríveis: apesar de compridas, são completamente desproporcionais. As coxas são gordas e musculadas e sarapintadas com celulite. As canelas são ossudas e finas. E a pele é pálida, quase transparente, com um ligeiro tom amarelado.
Como eu odeio aquela rapariga! Ela é tudo aquilo que eu gostaria de ser, confiante e feminina, um belo par de pernas.
Sigo-as escadas acima, até ao piso -1 da estação de comboios do Cais do Sodré. Este está repleto de gente, essencialmente turistas ou miúdos nas férias escolares, que se apressam a comprar bilhetes de comboio e a chegar às plataformas no piso superior.
A Rapariga-das-pernas-perfeitas e a amiga dirigem-se à máquina de bilhetes e eu, como se fosse uma traça atraída por uma lâmpada, vou atrás. Enquanto a amiga compra os bilhetes eu agarro o pescoço delgado da Rapariga-das-pernas-perfeitas e, com os meus braços musculados e gordos, parto-o como se fosse um pau de gelado.
A Rapariga-das-pernas-perfeitas cai morta e eu, misturada na multidão, subo para a plataforma onde apanho o comboio para Cascais. Ninguém repara em mim, apenas reparam no par de pernas perfeito que se acabou de perder.

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29
Ago 08

O senhor Vítor, refastelado no sofá desde que o jantar tinha terminado enquanto, fantasiava que era dentista. A mulher, Marilena de nome e brasileira de coração, estava na cozinha a levantar a mesa. Lavava a loiça ao som das várias novelas brasileiras que os canais nacionais ofereciam e por lá continuaria até se ir deitar.
O senhor Vítor teve de abandonar a faculdade quando a namorada embuchou. Agora ganha a vida como empregado de mesa num restaurante indiano. É um emprego que o deprime, pois o cheiro a caril faz-lhe arder os olhos. Assim atende os clientes com um olhar macilento e avermelhado, que se foca nos dentes. Tal como se de cavalos se tratassem, o senhor Vítor conhece os clientes pela dentadura.
O senhor Vítor, desperto dos seus devaneios, volta ao livro pequenito que andava a ler. Este não era o seu hábito. Normalmente lia revistas mensais da especialidade de ortodontia e de escalada radical, que praticava religiosamente todos os domingos. Mas ainda não tinha recebido os números deste mês, e estava particularmente enfastiado com a vida e com a janta. Era um romance de cordel da esposa, no qual já ia a meio. As cenas dos beijos eram efusivamente descritas:

“Jack reclinou-se e beijou longa e apaixonadamente Mary, a sua nova conquista.”

“Beijou longa e apaixonadamente...” – pensava para si – “...isso envolvia “movimento dji língua”, como dizia a sua Marilena! Qual seria o elixir oral que Jack usaria? Talvez o novo produto branqueador e redutor da actividade bacteriana lançado recentemente pela Caredent? Tinha de ser algo de muito boa qualidade, caso contrário um beijo apaixonado nunca seria muito longo!”



A Marilena tinha acabado a loiça e entretinha-se com uma novela, quando sentiu as mãos do marido a agarrem-lhe a cintura. Victor sussurrou-lhe ao ouvido e Marilena sorriu: “Afinal aqueles livrinhos tinham servido de alguma coisa!”

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22
Ago 08

Rosa encontrava-se presa na sua masmorra à mais de um mês. No entanto não se dava por derrotada, nem desanimava, pois o seu carcereiro tinha-se apiedado dela e concordou em ajuda-la a fugir. O plano era muito simples: fingia que morria e trocava-se o seu corpo vivo por uma carcaça de porco.
Nessa noite deu-se a troca, e Rosa fugiu a cavalo disfarçada de rapaz.
“E agora que fazer?” Era no que pensava Rosa, enquanto cavalgava pela estrada que a levaria à Capital e ao seu Real marido. Já se tinha decidido a vingar a morte do Pai e das Irmãs, mas como? Pensara em mata-lo, mas a morte parecia-lhe pequeno castigo. Roubar-lhe o reino e exila-lo para os desertos a sul, onde o sol forte e a secura da terra lhe dariam cabo da sua preciosa derme! Rosa surpreendeu-se com a crueza dos seus pensamentos, mas isso não lhe refreou a imaginação.
- Sangue paga-se com sangue. E com sangue, vai o Príncipe pagar!
Chegou à Capital um dia depois da notícia da morte do Rei. Como era costume, toda a nação tinha de cobrir as faces com cinza durante os três dias de nojo. Rosa sorriu. Tinha um Plano!

O Príncipe mal cabia em si de contente. O seu velho e encarquilhado pai tinha falecido e acabara de receber a notícia da morte da esposa. Agora, esperava ansiosamente que lhe aplicassem a máscara de argila que lhe restituiria a leveza à pele, perdida durante os maus-tratos do luto.
A mascara foi colocada, e causou-lhe tal dor que desmaiou.

*

Rosa tinha a sua vingança. O Príncipe, enlouquecido ao ver a cara toda queimada, foi engaiolado na mais bela e confortável divisão do Palácio, o Quarto-dos-Espelhos. Os urros que de lá saíam eram música nos seus ouvidos. Finalmente, Rosa era Feliz!

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editado por B. T. Estanqueiro em 26/08/2008 às 17:27
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