Estava afastado do grupo quando sentiu o cheiro do predador no vento. Olhou à sua volta sub-repticiamente, mas não conseguiu vê-lo. Entretanto, o cheiro tornou-se mais forte, mais focado. Vinha de várias direcções. Todo o bando o vinha caçar. Sentiu os pelos a eriçarem-se pela espinha e o estômago gelar.
Já observava a presa há algum tempo. Estava nervosa, pois era a sua vez de iniciar a caçada. A besta listada é quatro vezes maior que ela e pode muito facilmente partir-lhe o pescoço. O vento traz-lhe o cheiro a medo da presa, quente e metálico. Está na hora.
A caçada começa com um salto da zebra, que em pânico se arremessa contra a leoa. Esta, saudável e experiente, desvia-se dos cascos do animal ao mesmo tempo que se propulsiona para a frente. Ferra as suas garras no pescoço teso da zebra e morde-lhe a garganta. O animal depressa perde a força nas pernas e cai sobre o peso das três leoas que entretanto se juntaram à primeira na acção.
O cheiro do sangue era inebriante e depressa se viu no meio de um frenético festim com os restantes membros do bando. A carne era fresca, doce e quente. A caçada tinha sido um sucesso. Estava feliz.
Esperavam que os gatos amarelos acabassem de se empanturrar com a besta listada. A estação tinha sido generosa e os restos eram abundantes, por isso não estavam preocupados. No entanto mantinham alguma distância do bando para que não parecesse que estavam esfomeados.
Voara de longe. A carcaça já tinha alguns dias e dela emanava o cheiro virulento da putrefacção. Restavam pequenos pedaços de pele e alguns ossos. Um festim.
Chega a vez do solo se alimentar. Serve-se dos restos mais básicos, os minerais que mais tarde vão, com o Sol, sustentar a erva.