Quem olhasse para o BI de Rita ficava surpreendido, pois os seus quarenta anos estavam bem disfarçados no corpo bem cuidado em horas perdidas em ginásios, na cútis perfeita, no cabelo ruivo comprido e ondulado.
Rita aparentava não mais que trinta anos.
Rita era a mulher de sucesso que todas as outras invejavam e era a boazona que todos os homens sonhavam possuir.
Debaixo da aparência sumptuosa, da confiança exalada, Rita sentia-se frustrada, pois a sua vida amorosa era caótica. Conhecia de cor o insucesso das relações amorosas. Começava a desconfiar dos homens, a acreditar que eles apenas a queriam como troféu. Estava a ficar farta. Já não tinha paciência para aquilo que lhe parecia comum em todos eles: a fixação pelo tamanho. A confiança deles era directamente proporcional ao tamanho e este inversamente proporcional ao desempenho deles.
Surgiu a oportunidade de mudar de vida e de país. Podia escolher qualquer país industrializado. “Vou sentir vários homens diferentes”, pensou ela.
Foi para os Estados Unidos. Desilusão: mentalidade masculina igual, acrescida de maior gordura.
Depois, decidiu tentar os países nórdicos e experimentou a Noruega, mas a falta do Sol deixava-a depressiva, à beira do suicídio. Aí, nenhum homem a iluminou!
Ia arriscar tudo: um país onde não conhecesse nada, mas, não menos importante, onde o desempenho sexual dos homens devesse ser fabuloso, acreditando na sua teoria da proporcionalidade inversa do tamanho, o Japão.
Enquanto esperava pela burocracia, comprou um dicionário bilingue para ir aprendendo algumas frases. A dificuldade linguística era tremenda. Cada página que virava a afastava da sua aventura.
Desistiu quando verificou que dizer “Estás apenas a usar-me para sexo!” era extremamente difícil:
WA-TA-SHI O SEK-KUS NO TA-ME DA-KE NI TSU-KAT-TE I-MAS
Mais frustrada ainda, quedou-se pelo português típico, tentando evitar, ao menos, aqueles das unhacas no mindinho.