O Atirador estava sentado no topo de um dos vários prédios de escritórios que marcavam aquela zona da capital. Fazia-se acompanhado de uma espingarda de longo alcance Van Dyke com silenciador e balas KTW capazes de perfurar armaduras.
Esperava por um eminente homem de negócios, o seu Alvo. Este chega ao escritório às nove da manhã depois de tomar um frugal pequeno-almoço em casa, torradas com manteiga, café e sumo de laranja natural. Conduz sempre o seu Audi S8 Phanton Black. Almoça no Beach Blanket Babylon ou no Momo quando tem companhia, e ele tem sempre companhia. À tarde joga squash no City Point Club. Ganha sempre. Janta no Athenaeum Hotel quando acompanhado por uma das amantes, onde tem uma suite sempre à sua disposição. Fuma cigarrilhas Sobranie Black Russian, ricas, aromáticas e suaves e para relaxar bebe vodka.
O Atirador estudou-lhe a rotina até esta se tornar sua. Tomou o mesmo pequeno-almoço. Comeu nos mesmos restaurantes. Desejou as mesmas mulheres. Fumou as mesmas cigarrilhas e bebeu da mesma vodka. Aprendeu a pensar como o Alvo, a sentir e agir como ele. O Atirador tornou-se no Alvo.
À hora prevista, o Alvo sai do hotel onde jantara acompanhado pela amante nº 2. O Audi S8 já está à sua espera na estrada. Caminha com a calma e confiança que o caracterizam. O Atirador olha-o pela mira da espingarda, aponta-a e dispara. O cartucho vazio bate no chão cimentado e ressalta. O Alvo continua a andar, como se nada fosse. O Atirador reajusta a mira e dispara mais duas vezes. Nada! O Alvo entra no carro e arranca.
O Atirador fica-se sentado, perplexo. Sente algo húmido e quente a escorrer-lhe pelo peito. É sangue que esguicha de três buracos de bala. Os buracos que deviam de estar no peito do Alvo.